Saiba sobre a Influenza canina e seu diagnóstico

Saiba sobre a Influenza canina e seu diagnóstico

ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA

Em 1999, uma cepa do vírus influenza equino – H3N8 que circulava em equinos evoluiu de maneira adaptativa via alterações induzidas por mutação genética e logo infectou cães. O isolamento do vírus foi feito pela primeira vez a partir de cães em um surto de doença respiratória na Flórida em 2004, tendo sido encontrados isolados e em outros estados daí em diante. Determinou-se que o vírus H3N8 do surto da Flórida era um Vírus Influenza Canino (CIV; do inglês, canine influenza vírus) adaptado ao hospedeiro, que se replicou com facilidade em cães. Essa nova cepa canina tem todo o genoma do vírus equino, com modificações mínimas identificadas. Esse vírus H3N8 modificado que se replica e dissemina-se com facilidade entre cães não estabelece uma infecção produtiva em equinos, felinos e aves.

Figura SEQ Figura \* ARABIC 1. Lesões pulmonares induzidas pelo vírus influenza canino em um cão jovem 3 dias após exposição. São visíveis congestão e consolidação pulmonares, além de hemorragias petequiais. (Merck Animal Health.)

PATOGENIA

A inoculação intratraqueal e intranasal em cães produziu febre (acima de 39°C) por 2 dias, sem sinais de doença respiratória. Filhotes 14 a 15 semanas de idade negativos para anticorpos e infectados por via intranasal desenvolveram sinais respiratórios e lesões pulmonares (Figura 1), com demonstração de replicação viral e soroconversão. Tais lesões também podem ser encontradas em cães adultos infectados pela administração intranasal e intratraqueal do vírus. Embora a inflamação de via respiratória e linfonodos seja proeminente, o acometimento pulmonar ao ponto de consolidação é incomum em cães infectados experimentalmente. A replicação e a eliminação do vírus foram maiores durante o período inicial de incubação, que durou 2 a 5 dias, e diminuíram rapidamente em seguida; um nível menor de eliminação durou até 7 a 10 dias. Cães com infecção subclínica ainda eliminam o vírus, embora em níveis inferiores aos observados nos cães mais gravemente acometidos.

SINAIS CLÍNICOS

Após a introdução do vírus em instituições com cães suscetíveis, é possível que a gravidade e a prevalência da infecção sejam subitamente mais notáveis do que com outras causas de doença respiratória infecciosa canina. Quanto mais tempo cães que nunca se infectaram permanecem em um abrigo endêmico, maior a probabilidade de que se infectem. Os sinais clínicos em cães acometidos nos primeiros surtos identificados variaram de febre, taquipneia e corrimento nasal mucopurulento a tosse autolimitada (de 10 a 14 dias). As manifestações respiratórias mais graves e persistentes estão associadas ao desenvolvimento de pneumonia, que pode ser confirmada por meio de radiografias torácicas.

A maioria dos cães se recupera, a minoria morre com doença hiperaguda e, à necropsia, observa-se que a morte está associada a hemorragia pulmonar, mediastínica e pleural. As alterações histológicas incluíram traqueíte, bronquite e broncopneumonia supurativa. Em seguida a esses surtos, é possível que cães sem antecedentes de doença respiratória apresentem altos títulos de anticorpos contra esses vírus, indicando disseminação rápida da infecção com doença subclínica em muitos cães e para muitos outros canis, instituições de abrigo e animais de estimação individuais.

DIAGNÓSTICO

Os sinais de infecção pelo CIV são semelhantes aos causados por outros agentes de doença respiratória infecciosa canina. Os testes específicos devem ser feitos para se confirmar a doença, isso às vezes é importante em surtos de grandes proporções, quando é preciso confirmar as causas para ajudar nas medidas de controle, a partir da detecção do vírus, isolado de swabs nasais (os melhores) ou oculares ou durante os primeiros 4 dias de infecção. Os sinais clínicos dessa infecção são semelhantes aos causados por Estreptococos do grupo C (Streptococcus equi subsp. zooepidemicus), que podem causar surtos de doença respiratória aguda, geralmente fatal, em muitas espécies de hospedeiros, inclusive cães.

Referências

Doenças infecciosas em cães e gatos / Craig E. Greene; tradução Idilia Vanzellotti, Patricia Lydie Voeux. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

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