Perguntas pertinentes – Coleta de sangue à vácuo 

Perguntas pertinentes – Coleta de sangue à vácuo 

1. Jejum inadequado pode interferir na viscosidade do sangue e dificultar a coleta?

Sim! Geralmente, os pacientes não entendem as orientações sobre o jejum ou em alguns casos, não recebem orientação quanto ao mesmo e param de tomar água. Isso pode acarretar em uma desidratação temporária daquele paciente, dificultando a coleta, por baixa pressão sanguínea. Além disso, outros fatores podem interferir na viscosidade sanguínea, como menstruação intensa, aumento de anticorpos séricos e distúrbios da coagulação.

2. Porque é necessário perguntar ao paciente se ele faz uso de medicamentos, se ingeriu álcool ou tabaco nos dias anteriores à coleta?

O uso recente de álcool ou tabaco pode acarretar em alterações em testes hematológicos e de marcadores, como nas dosagens de triglicérides. E, quanto aos medicamentos, a depender da substância, vários interferentes podem ser observados. Por exemplo, o uso de ácido ascórbico pode ocasionar diferenças importantes nas dosagens de glicose, colesterol, triglicérides, ureia e outros. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINES), podem interferir em testes de coagulação e os antibióticos, em testes microbiológicos.

3. Onde deve-se aplicar o torniquete no braço do paciente? 

O torniquete não deve ser aplicado muito próximo ou muito longe do local de punção. Deve-se ajustar a 6cm acima do local, para que não haja interrupção do fluxo sanguíneo. O torniquete deve ser aplicado firmemente, pois deixá-lo frouxo pode ocasionar lentidão ou perda do fluxo sanguíneo durante o processo de coleta.

4. Pode deixar o garrote quanto tempo no braço do paciente?

O tempo de garroteamento não deve ultrapassar 1 minuto. Após esse tempo, há risco de estase vascular, do qual o fluxo sanguíneo tende a diminuir até a completa estagnação.


Fonte: Wikihow, 2024

5. Durante a coleta, os tubos de menor volume, como 1,8ml e 2ml demoram muito para atingirem a marcação correta de amostra. Porque isso ocorre?

A quantidade de vácuo disponibilizada no tubo é menor, em relação aos tubos com maior aspiração. Isso acarreta em menor pressão interna dentro do tubo, consequentemente, o enchimento do tubo será mais lento. Ainda, agulhas com calibres menores que 21G (25X8), também diminuem o fluxo sanguíneo para dentro do tubo, ocasionando maior tempo de enchimento completo do tubo.

6. Qual a sequência de tubos, correta, para a coleta à vácuo?

Deve-se utilizar os frascos de hemocultura primeiro, logo depois, os tubos com citrato de sódio, os tubos com ativador ou gel separador, os com heparina, os com EDTA e por último, os tubos com fluoreto. Caso não seja seguida a ordem indicada, pode haver interferências nas dosagens de analitos, ocasionados por contaminação pelos aditivos.

Fonte: Adaptado de UNIP

7. Existe alguma relação de interferentes ocasionados durante a coleta, com temperatura e altitude do ambiente?

Sim. A coleta à vácuo é bem executada em locais com temperaturas próximas a 20 °C. Fluxos sanguíneos mais lentos, podem ocorrer, caso o ambiente em que a coleta está sendo feita, esteja com temperaturas mais altas. A pressão atmosférica adequada para a coleta à vácuo, é de 1atm. Em locais com altitudes acima ou abaixo desse padrão, pode ocorrer alteração de pressão dentro do tubo e fazer com que um volume maior ou menor de amostra seja coletado. São aceitáveis volumes de amostra acima ou abaixo de 10% (CLSI guideline, 2023).

O traço amarelo representa os limites aceitáveis de volume de amostra nos tubos de coleta (+-10%)

8. Pode-se transportar os tubos de coleta na posição horizontal?

Os tubos devem ser sempre transportados na posição vertical, tampados e em suportes apropriados. 

9. Após a coleta, os tubos com amostras devem ser homogeneizados por inversão. Quantas vezes é necessária essa inversão?

Deve-se fazer a homogeneização dos tubos, suavemente, por inversão, por até 10 vezes. Os tubos com citrato devem ser invertidos suavemente de 3 a 4 vezes.

10. Os adaptadores de coleta (canhões) são todos iguais?

Não. Os adaptadores de coleta não são todos universais. Dessa forma, é importante verificar se os tubos utilizados são compatíveis com o adaptador de coleta, pois a incompatibilidade entre eles pode ocasionar extravasamento de sangue para fora do tubo.

Referências

PNCQ. Manual de coleta em laboratório clínico. 4ª edição. 2023.

CLSI guideline, Dec. 2003. Doc. H1-A5, Vol. 23, No. 33.

ANVISA. Manual de Vigilância Sanitária sobre o transporte de material biológico humano para fins de diagnóstico clínico. 2015.

CLSI guideline, Nov. 2007. Doc. H3-A6.

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